quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Corrida da Loucura

Um dia, talvez, alguém leia este manuscrito e conclua: “Pobre do Fábio, era bastante descompensado. Frangalhos de espírito expostos no frio, buscando uma harmonia e só encontrando os sons com a uniformidade da bandinha do Colégio São Pedro de Bagé”.
Precisaria ir ao fundo da memória para recordar:

"Barganhar com a lâmina que trespassa a vida. Se não der certo, arremeter numa pista estreita e limitada. Mas nunca deixar de fazer alguma coisa, quando vai se estreitando a esperança.
Algum dia de outono gostaria de receber os aplausos, ao baixar o pano. E ser uma estrela no firmamento do palco, amada e reconhecida. Todos os pedaços de mim haveriam de sorrir e achar sentido em qualquer graça. Reconheceria de longe o amigo a ovacionar admirado, escutaria os sussurros de aprovação, o menear positivo das cabeças, as palmas, os assobios. Tudo, tudo isso pelos versos declamados e os gestos de renúncia. Ser tudo por não ser nada, por saber que pouco vale ser tudo se não há transparência na palavra dirigida, se é opaca a visão e frágil o tato."

É muito bom escrever como se a cabeça estivesse a delirar. O mais útil está por detrás da lógica, raciocínio em tresvario como uma marcha-ré no estilo. Assumir a direção e desviar, correr, enfrentar as curvas das sensações, gozar com o perigo das dúvidas. Corrida da loucura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário