terça-feira, 30 de abril de 2013

A divina indiferença terrestre

O território da “divina indiferença terrestre”. Fica ali, logo abaixo do joelho, por onde corre o sangue e flui muita energia. Lugar de sabedoria em que se aprende a tirar o peso das costas. E eu aqui dentro da minha cabeça. Milhares de quilômetros desse lugar onde poderia curar tantas feridas. Pensei, pensei bastante em como poderia chegar lá. Mas o meu barco estava ancorado no porto sem poder partir. A maré teria de subir para iniciar a viagem. E isso não acontecia. Foram semanas, meses, anos e a maré não mudava. Triste, desconsolado, quase me dobrei ao conformismo. Porém, uma noite de inverno, lembrando da minha infância, comecei a chorar. Sete dias derramando lágrimas sentidas, que encheram o mar, permitindo que meu navio, finalmente, partisse. E foi assim que empreendi esta viagem, com a sôfrega expectativa de um dia aportar no território da “divina indiferença terrestre”.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Parar de fazer perguntas?

Parar, por quê? A vida tem que ser dessa maneira: uma história sem fim. Num artigo de Terezinha Rios li uma citação tirada do livro As palavras andantes de Eduardo Galeano: “Ela está no horizonte (...). Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar”. Pois é. Certos dias de chuva e frio insistem em quebrar a utopia. Mas ressurge a luz, com um sol que traz novas dúvidas. E voltam as perguntas.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O Silêncio

A experiência de ouvir o silêncio, por dentro. O silêncio, onde repousa harmônica, toda a verdade, sem trincos, sem enigmas, sem censura. Tudo isso no correr dos dias, ainda que as gotas de suor molhem a esperança e as dúvidas se sucedam. Jamais, porém, perdendo o poder sublime de ouvir o silêncio. E por dentro.