segunda-feira, 5 de julho de 2021

O BOLETO DA VIDA A dor da saudade vem carregada de outras ilações, como o tempo que se perdeu sem fazer as carícias oportunas. O passado é mais forte na lembrança, quando vem triste. Figuras em estampas desbotadas dos tempos que se foram e não deixaram senão esta marca que, depois de décadas, insiste em voltar e cobrar as lágrimas. E aí vêm as cobranças: será que não deveria ter feito tudo diferente? Quem nunca sentiu coisa semelhante? Escrever sem expor o coração é como receber a encomenda com a porta entreaberta, puxar o envelope com a mão direita apenas, furtivamente. Ventos daqueles pampas que empurraram tantas esperanças e testemunharam fracassos nas direções tomadas. Frágil como uma pena a gente vai voando, enganadamente cogitando operar acertos. Em cada meta não há ponto final e as curvas desafiam decisões. Camadas de vivências que, desordenamente, ainda irão cobrar os juros dos erros cometidos.