segunda-feira, 27 de junho de 2011

Imprensa: apagão da consciência

Li um texto que afirmava a maravilha do momento atual da humanidade. É que esta seria uma época das luzes. Ocorreria o seguinte: quando há luz é possível ver o lixo acumulado da nossa vida e, a partir disso, tornar-se-ia possível limpá-la. Logo, este constituiria um período propício à purificação.
Honestamente, não consigo concordar com essa tese.
Dias atrás, conversava com um amigo ligado a uma rádio que me relatou o seguinte: foram colocadas duas notícias na página da internet. Uma delas descrevia o sucesso de uma iniciativa e os resultados positivos para a população. A outra notícia contava a história de dois crimes com fotos dos corpos dilacerados encontrados à beira de um rio. O número de acessos à primeira foi de 42 e da segunda de 2800.
Parece claro que a mídia sobrevive da tragédia. Basta ver o salário astronômico recebido por apresentadores de TV em programas destinados a explorar a violência, o tumulto.
Será que o mundo está tão conturbado como se diz? Onde se encontram as iniciativas positivas, as obras sucedidas, as idéias criativas? Certamente existem, mas não podem ser vistas ou conhecidas porque o órgão de imprensa que se dedica a noticiá-las toma o caminho da falência.
Não será o momento de se repensar o papel dos meios de comunicação? A dificuldade reside no fato de que a resposta imediata da mídia é o apelo à liberdade de imprensa e só ela tem o poder de chegar à consciência do povo que, em geral, manipula. É uma luta de Davi contra Golias.
O certo é que não estou convencido de que exista tanto lixo por debaixo do tapete de nossas vidas. Se não há luz suficiente para ver o que é bom e saudável debite-se a esse desvirtuamento da mídia.