quinta-feira, 14 de julho de 2011

Espelho do silêncio

Quando a gente acorda de madrugada e abre a porta do outro lado do silêncio, acaba por controlar a experiência do nada. Sensação de uma esquina fria e úmida, na noite de Londres, quando os cães já se recolheram e iniciam-se passeios com os fantasmas. Local de onde saiu Shakespeare ou qualquer outro gênio.
O vazio budista só era uma vivência de perfeição para um povo que experimentava dor e sofrimento. Se Buda perambulasse conhecendo as luzes do Times Square ou dos Champs Elissés ou se tivesse tomado uma cerveja na Alexanderplatz por certo aderisse a alguma doutrina mais alegre e cheia de vida.
Os desertos são apenas lindos sob a perspectiva de quem olha de volta para a porta do lado de cá do silêncio.
E assim, quando surgem os primeiros raios do amanhecer, a gente adormece novamente...