segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Esses juízes...

No tribunal os juízes eram muito irreverentes. Lembro que o Haddad residia em Curitiba e, em todos os fins de semana, queria voltar para casa. Mas por que fazer isso, Haddad? Não vês que é muito cansativo? Ele, com sua voz grossa, respondia, esclarecendo o motivo: “saudade das crianças.” Pois não é que alguém logo inventou: “eu sei, saudade das crianças, especialmente da cabeludinha do meio.” Ele ria de mansinho como todo mineiro. Outros, chegavam à sessão de julgamentos e perguntavam logo ao presidente da mesma: “pauta grande hoje, presidente?” Coisas de magistrados. Realmente, a vida de juiz é bastante pitoresca. Lembro que em Fortaleza um advogado entrou com uma ação pedindo relação de emprego referentemente a um indivíduo que trabalhava, desde alguns anos, como mecânico em um quartel do exército. Ajuizou a ação contra o coronel fulano de tal, comandante da unidade militar. Despachei mandando emendar a inicial para direcionar corretamente a ação. O gajo voltou com outra inicial agora contra o Quartel do 9º Regimento. Indeferi, com o mesmo despacho. O advogado procurou o Ivo, meu diretor de secretaria, e pediu: “pelo amor de Deus, pergunta para o juiz quem é que eu devo colocar como réu nessa ação”. O Ivo respondeu: “doutor, todo advogado tem que zelar pela UNIÃO de sua classe”. Uma semana depois, o bacharel entendeu o recado e matou a charada.

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