terça-feira, 20 de novembro de 2012

O vaso quebrado

A minha amiga Lorena me disse que os orientais pegam os vasos quebrados, unindo cada pedaço até reconstituí-los. Mas utilizam o ouro para essa reconstituição. Assim, ao invés de perder o valor, a porcelana ganha maior preciosidade. E, portanto, aumenta seu poder de encanto. Os cacos passam a ter vida e a estética do conjunto renova a peça, fazendo readquirir o seu brilho. Isso parece ser muito criativo. Fico a pensar, entretanto, se esse trabalho demorar muito a ser feito, será que ainda estarão disponíveis todos os cacos? Assim, quando deixarmos cair no chão da discórdia, da impaciência, da intolerância, da falta de humildade o vaso da nossa contingência, o melhor a fazer é tratar de juntar os pedaços e providenciar imediatamente a reconstituição com o ouro do perdão. Caso contrário, os cacos resvalarão pelos meandros do ressentimento, rolando pelo sulco formado pela raiva e desaparecerão. E, aí, ao juntar a porcelana restará um buraco que, por menor que seja, deixará passar aquele vento de Chicago que congela tudo por dentro. Não se iluda. Cuide de seus vasos. E, se deixar cair algum deles, junte tudo às pressas, colando os cacos com o ouro do diálogo amoroso.

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