terça-feira, 17 de maio de 2011

Solidão ou indiferença?

Não sei o que é pior: a solidão ou a indiferença. Na verdade, acho que é a indiferença. Todavia, são coisas parecidas. Indiferença tem a ver com solidão. Passar desapercebido. Um celular que nunca toca. Sábado à noite sozinho na mesa de um bar. Não ter com quem trocar idéias, alegrias, angústias. Sonâmbulo pelas ruas nas tardes de domingo, meio sem destino certo. Alvo da desatenção dos que passam e resultado de sua própria indisposição para a vida. Ir levando os anos como uma reticência. Não ter anseio para viajar, conhecer coisas novas. Neutro para as aventuras. Reprimindo o humor, sem responder qualquer e-mail dos amigos que ainda tentam se aproximar. Alma presa na caverna.
Seres anônimos, espíritos errantes, que não são dignos de pena porque ninguém percebe sua existência. Em verdade, parecem sombras que se escondem à aproximação da luz. Passageiros de um trem que trafega entre a vida e a morte.
São vistos por aí, às vezes caminham a seu lado, e você nem percebe o perigo de sua contaminação.
Sim, isso é indiferença, não a solidão, porque esta faz sofrer e aquela é o vazio do sentido. A solidão é quente, a indiferença é fria. No beijo do solitário pode haver paixão, no beijo do indiferente somente o hálito do vampiro.

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