segunda-feira, 2 de maio de 2011

Será que estou ficando velho?

Há momentos na vida em que a gente sente que está ficando velho. Inexorável. O testemunho de vários fatos é invencível.
Quando você chega numa farmácia, olha a prateleira e constata que já conhece a maioria dos remédios que ali se encontram. Quando você olha para uma moça cheia de graça e é retribuído, mas conclui que naquele olhar lindo existe apenas caridade e, na pior das hipóteses, piedade. Quando você decreta que não há mais políticos e juízes como antigamente. Quando vocifera: “Ford é que era carro”. Quando você odeia certas músicas como o U2. Quando você chega ao restaurante e o garçom indica alguns pratos com menos colesterol. Quando você vai a um pub com a namorada e, depois de oferecerem um chopp para a moça, perguntam se a sua mineral é com ou sem gás. Quando, ao pedir meia entrada no cinema, ninguém pergunta o porquê. Quando dá um jantar, marca às 19h30m, e ao seu amigo que passa mal oferece Olina. Quando topa com um conhecido que não via há vinte anos e pensa: “como esse cara está acabado”. Quando você vai no salão de beleza e sai igual. Quando você recebe a resposta do cirurgião plástico: “não há mais solução”. Quando, enfim, volta a sua cidade natal e, passeando pelas galerias do cemitério, constata que conhece a maioria daquela gente.
Sem dúvida, diante de tudo isso, não há como negar. A solução é olhar-se no espelho e dizer para si mesmo: “o que vale é o que está por dentro”. E assim seguir a vida com tal ilusão, rezando para que não apareçam novos fatos sintomáticos.

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