segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lá na Faculdade de Direito de Bagé

Bons tempos aqueles. Nos reuníamos nos intervalos das aulas para jogar conversa fora. Professores jovens, cheios de ilusão sobre o futuro e, em especial, sobre o conteúdo real de nossos ensinamentos. Às vezes, íamos para a churrascaria beber cerveja, dizer bobagens e narrar as experiências em sala de aula. Noites divertidas.
Por exemplo: o Binha, que lecionava Direito Civil, contou que fez uma pergunta numa prova sobre o que significava "bem indivisível por força de lei". É o caso, por exemplo, de um apartamento que não se pode dividir ao meio. O aluno respondeu: "o átomo, porque nem a lei pode dividi-lo".
O Ciro Umpierre também lecionava Direito Civil. A prova incluía a matéria sobre comoriência, isto é, a confusão gerada por não se saber quem com antecência havia morrido para efeito sucessório. Assim, ele colocou a pergunta com os pontinhos para serem preenchidos: "pai e filho viajavam juntos, tendo o avião caído, resultando a morte de ambos, sem se saber qual morreu primeiro; a este fenômeno em direito dá-se o nome de....." O aluno lascou: "catástrofe".
Quando eu lecionava Direito Penal, estava falando sobre a agravante da prática do crime com explosivos. Fui interrompido pelo pessoal do Centro Acadêmico que veio dar avisos aos alunos. Ao prosseguir, distraído, exemplifiquei com a tal agravante no crime de sedução. Risada geral. Sedução de mulheres com explosivos...
Discutíamos na congregação a proposta do Rubem Almeida de criar a cadeira de Direito Agrário. Alguém até sugeriu comprar uns animais para fazer um mini-zoo no pátio. A discussão ia acesa e o Osvaldo Moraes dormiu. Lá pelas tantas, o Carlos Rodolfo pôs em votação a matéria. O colega cutucou o Osvaldo Moraes: "e aí qual é o teu voto?" Ele acordou atônito e de imediato: "pode comprar os bichinhos, pode comprar".

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