segunda-feira, 8 de março de 2010

Político de Honra

Estou lendo “O Seqüestro dos Uruguaios” de Luiz Cláudio Cunha. Um jornalista. É interessante como os jornalistas têm estilo interessante. Leitura gostosa, emocionante.
Cunha vai narrando as agruras dos infelizes castelhanos e de seus filhos pequenos. O terror de uma ditadura. Incrível como as pessoas não fazem a menor idéia do que é viver num regime ditatorial.
O que mais me incomoda são os falsos esquerdistas, que fazem de tudo para desmoralizar a democracia, criando o clima propício para voltar o estado forte.
Lá pelas tantas, no livro citado, o autor explica as reações do então governador do estado do Rio Grande do Sul, Synval Guazelli, às tentativas de encobrimento do sequestro dos uruguaios. No fim do capítulo 11, lê-se: “Emendou com uma declaração de princípios, solene e definitiva: - O esclarecimento dos fatos se constitui em questão de honra, tanto para as autoridades federais quanto para meu governo e, acredito, para a própria nação. O governador gaucho estava colocando à prova mais do que a honra de seu governo. Synval Guazelli estava apostando sua biografia.”
Lembrei do início de minha vida de advogado, quando trabalhava com o Dr. Pinheiro Machado, a quem todos chamavam carinhosamente de Pinheirinho, reflexo de seu perfil simpático. Ele era comunista assumido. Foi preso três vezes, tendo seu escritório invadido e vasculhado. Era um excelente defensor das causas referentes ao direito administrativo.
Pinheirinho me contou que um dia fora com o deputado Synval Guazelli visitar um colega, que era preso político no Dops. Ao se despedir, o político vendo a humilhação a que era submetido seu amigo, chorou. Esse era o viés do espírito nobre de Guazelli.
Hoje, infelizmente, é quase impossível apontar essa têmpera em algum parlamentar brasileiro.

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