segunda-feira, 29 de março de 2010

O Guia

O rei viaja no olho da águia e é o dominador dos ventos.
Como uma estrela guia seus súditos pela ordem do cosmos.
Harmoniza as energias, conduz pela escuridão. Modela o que é belo. Desvenda os mistérios.
O rei traz o tom sublime na voz. Como uma flecha movimenta-se em seu eixo definido. É o próprio caminho, sem curvas perigosas, sem desvios incertos, sem atalhos de traição.
O rei é sóbrio e arrojado, transita pelas contradições sem jamais se desviar da rota. Herda a virtude da atenção, como delegado da fortuna.
Esbanja cicatrizes. Não foge das dores. Mantém a espada e a defesa. Atento ao inimigo, lidera seus exércitos. Na linha de frente é o primeiro da fila, o mais próximo da morte. O mais decidido ao sacrifício. Sempre o último a abandonar o campo de batalha.
Renuncia as vantagens. Protege seu povo.
Desconhece a discriminação. Modela um templo em seu coração e cuida-o com amor.
O rei é a ciência que descobre os opostos. Tempera as contestações, desenvolve o mais sutil sentido de justiça.
Conhece a exata hora de ceder, de chorar, de recuar com estratégia, de perceber o aviso que vem com a brisa.
O rei não conhece o sabor da tirania. Experimenta a cólera para a proteção dos justos. Recusa-se a odiar e repudia a vingança.
Não ofusca o brilho de ninguém.
Desafia a dimensão do tempo, da vaidade.
Ordena como sábio, concilia como anjo, pune como um pai.
Um rei é um rei dos homens e de seus sonhos, dos animais, das plantas, das águas, das montanhas e das planícies.
Cauteloso, observa o movimento e intui os episódios. Marca os traços da vida como se fosse o ritmo de uma dança.
O rei é maior do que todos sem desprezar o mais humilde de seus servos.
Vem do Leste, caminhando por entre as nuvens. E, quando parte, nunca é esquecido.

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